sábado, 24 de dezembro de 2011

QUASE NATAL !!





Esse post não é meu , mas não poderia deixar de publicar o imenso carinho, em forma de email, enviado por uma amiga especial e querida...




QUASE NATAL !




Espírito de natal? É... nossos corações não podem deixar arrefecer esse sentimento, essa fé nesse bebe que nasce e renasce em nós, que vem e nos diz: eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

Não podemos deixar de acalentar essa esperança que se revigora e se renova em nosso peito, mesmo quando o mundo nos mostra tantas atrocidades, tantas barbáries e nos coloca frente a uma guerra quase que espiritual, se assim posso dizer.

Quase natal !

Quase 2012, minha Querida e Linda Nádia Cruz !

Quase um novo tempo de um mesmo tempo que apenas muda o número, mas continua se movimentando nessa imensa esfera azul, silenciosa, solta e livre em sua órbita de tantos sonhos e tantos empenhos.

Será Natal, será 2012 e mesmo com as lutas desse meu ( agora nosso ativismo...rs) eu termino este ano mais rica, mais aconchegada, alentada, confiante, inteira e feliz. Mais amada!

Pois é ! Minha querida Amiga, minha irmã de outras vidas, minha confidente. Minha Marida....rs Vim aqui só para agradecer ao Senhor de todos os Mundos por ter-me dado a chance de encontrar com você nesse planetinha, neste mesmo tempo e no instante mágico, lindo, perfeito e verdadeiro de nossas vidas. O instante onde pudemos ter a certeza de que nada é mais forte e mais verdadeiro do que o amor e a amizade.

Pra você, para seu filhote, seu pai, seu irmão, namorado, seus amigos... para todos que moram ai, nesse coração lindo, sincero, íntegro e tremendamente acolhedor eu desejo uma noite de natal abençoada de anjos e luzes de paz.

Um ano novo, novo ano, mesmo tempo, tempo que não conta, tempo que roda no calendário desejo sonhos, desejo realizações, açúcar, amor com loucura, amor de criança, compromisso esquecido, tarefa cumprida, comida pra alma, água para os lábios, beijo na chuva, chuva nos olhos, lágrimas de descanso, descanso de lutas, vitórias de projetos, projetos jogados ao vento !!!

Desejo Deus na sua vida e na vida de todos que você quer bem.

Eu sigo amando você e tendo a certeza de que um dia, em algum lugar foi marcado essa amizade pra lá de incrível !Te amo !Beijos Doces !


Cris Valente Mouta Maluqinha tomando Gardenal.......kkkkkkkkkkkkkk



LOIRA PAULISTA !!




Bem, o que dizer diante de tanto afeto ??!!

Só posso desejar que seu NATAL seja iluminado junto com os amores da sua vida...

Há pouco nos falamos, e brindamos essa amizade de um ano tão feliz e companheira, que parece ter uma eternidade de anos, mas que continua fresca, bela e amorosa.

Que a alegria desse ano possa perpetuar nossa união de amigas, e que venham mais viagens, momentos de emoções positivas, brincadeiras de crianças, realizações de sonhos, algumas "provas" de fogo, risos e lágrimas verdadeiras. E eu que pouco sei dos mistérios da vida, posso afirmar que esse ano foi um dos melhores da minha história, não só por tudo que viajei, mas pela harmonia, paz e amor que tomou conta do meu caminho.

Foi muito bom partilhar isso tudo com você e sentir que, cada vez mais, estamos unidas e amigas.

Então, menina, pega na minha mão e vamos ao encontro de 2012, felizes, alegres, leves, compartilhando afeto, verdades, sentimentos sinceros, cumplicidade e muita vida pela frente...
TE AMO !!!!

Beijos, eternamente, doces !!

NÁDIA














domingo, 20 de novembro de 2011

IMPOSSÍVEL NÃO ME APAIXONAR POR VOCÊ, GRÉCIA !!!


Gostar de um país é uma coisa normal, mas ficar apaixonada é outra bem diferente...
No ano passado estive na Grécia, em sua capital e em algumas ilhas, e foi paixão à primeira vista.
Hoje, diante da crise vivida por lá, fico com o coração apertado diante de tais notícias, e me dá uma vontade louca de abraçar, instintivamente, o povo grego, num gesto de carinho e solidariedade...
Fui muito feliz por lá, tudo contribuiu para isso, pois foi uma viagem fantástica, com tempo bom, pessoas ótimas, e cercada da simpatia e do carisma do povo grego.
Espero poder voltar em breve, conhecer novas ilhas, e alimentar mais um pouco essa minha paixão...
Bem, mas esse post não é para falar somente da Grécia, é sim para agradecer a Phivos (Felipe) amigo grego, que, simpaticamente, fez uma homenagem a minha cidade amada - Rio de Janeiro, em seu blog através de fotos minhas.
A você, amigo querido, com o meu carinho, agradeço a divulgação das belezas da cidade maravilhosa, que pertence a todos, e que eu tive a sorte de nascer, e aqui viver...
O meu amor pelo seu país, também, é imenso, e gostaria que os meus amigos fizessem uma visita ao seu blog de viagens...
http://taxidiaris.blogspot.com/
Obrigada, querido!

Beijos
Nádia

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

BEATLES FOREVER !!!




Estou em Liverpool por causa de uma menina...
Essa menina mora dentro de mim e ama os Beatles, apesar de que, quando ela deu conta de si, eles nem mais existiam como banda...
Claro, que não atravessei o oceano apenas pra conhecer Liverpool, já estava nas redondezas, no caminho para Escócia e Irlanda.
Em abril estive em Londres e prometi para “aquela” menina, que, da próxima vez, eu iria dar esse presente a ela.
Aconteceu antes que eu imaginava, e nesse outubro outonal, 6 meses após essa promessa, estou eu diante do meu sonho, ou melhor, do sonho da menina, que ficava com a capa do disco dos Beatles, olhando aqueles cabeludos, enquanto os primos adolescentes cantavam e dançavam.
Liverpool, se não fosse os Beatles, seria mais uma cidade típica inglesa - fria, cinza, sem muita vida. Porém, pra todos que amam os "eternos jovens", é uma visita obrigatória e nostálgica.
É muito bom ver visitantes de todas as idades, unidos pelo mesmo amor, cantarolando suas músicas, fotografando e imaginando os rapazes que lá viveram.
Visitar o Cavern Club, mesmo sabendo que o original foi derrubado, e depois construído no mesmo local, e com os mesmos tijolos, é emocionante.
Tentar viver um passado, não vivido, é uma coisa que nunca curti, porém me dei o direito de sonhar. Sonhar com aquelas músicas, que já não tocavam tanto na minha adolescência, substituída por novas bandas, e outros ídolos.
Então, dei a mão àquela loirinha, fomos nós duas, sem medo de ser feliz, correr atrás dos Beatles, sem gritos, sem choros histéricos, mas com o coração aos pulos de viver uma emoção jamais adormecida, de saber que o mundo nunca mais foi o mesmo depois deles.
Conhecer George Harrison pessoalmente em São Paulo, e ver 4 shows de Paul McCartney, foram outros presentes para aquela que sonhou demais com eles.
Hoje me senti realizada, talvez seja algo tolo, para quem nunca sonhou com o fundo musical dos Beatles, rostos eternamente jovens, cabelos ao vento, corridas nas ruas de Londres e filmes romântico-ingênuos.
Não preciso mais ficar pesquisando no youtube, tentando resgatar um tempo não vivido. Eu vivi, eu estive aqui, pois, de uma certa maneira, eles também estão...
De repente, seremos sempre jovens, nunca vamos nos separar ou ser assassinados por algum fã louco, nem vamos morrer de câncer na garganta...
Ao som dos BEATLES, vou deixar a minha menina nessa cidade, até porque ela não iria querer me acompanhar.
Eu vou envelhecer... e um dia acabar...ela não!
Ela vai ser para sempre, assim como todos os outros que amam os Beatles, pois os sonhos não envelhecem, nem morrem, apenas se renovam...
BEATLES FOREVER!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

TALVEZ...!!!

Talvez num passado distante eu tenha sido uma bruxa, uma daquelas mulheres de aldeia, que sabiam mexer com as alquimias da vida...
Talvez, por isso mesmo, tenha sido queimada viva numa fogueira, sob a acusação de ser uma herege...
Talvez tenha sido por medo dos meus desejos, sonhos, liberdade, brilho, sensualidade, esse foi o meu destino...
Talvez porque eu não tenha desejado ficar no fundo da sala, sentada, nula e muda...
Talvez por causa de eu ter dito muito: eu sinto, eu quero, eu posso, eu vou...
Talvez por ter mexido demais, com aqueles que me queriam dominada, submissa, frágil e ignorante...
Talvez por não ter coberto meu rosto, nem abaixado minha cabeça...
Talvez por não ter permitido que meu corpo fosse apenas objeto do prazer alheio, e que minhas vontades não fossem saciadas...
Talvez por ter tocado nas inseguranças alheias...
Talvez por não ter aceito, pacificamente, o meu destino determinado por terceiros...
Talvez por ter lutado, em não ser apenas bela, eternamente jovem, carinhosa, meiga, reprodutora, quieta, mansa, ingênua...
Talvez por querer escolher meus amores, quantos filhos desejava ter, ou não, e viver minha vida plenamente...
Talvez por ser perdida de amor, talento e loucura...
Talvez pelo direito de ser lúcida, ter luz própria e não ser a continuação de ninguém...
Talvez pela coragem, inteligência, alegria, ousadia, teimosia, birra, eu tenha voltado...
Talvez, agora, eu seja compreendida, respeitada e amada...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

NA LUZ DOS OLHOS SEUS...


Sempre achei que alguns fatos ocorrem nas nossas vidas, em forma de lição.
Cabe a cada um compreender, ou passar batido sem ligar para o “toque” dado pelo aparente acaso...
Sou advogada e moro no Rio de Janeiro. Por conta desse fato, freqüento o Fórum algumas vezes por semana, saindo quase sempre aborrecida, pela morosidade da justiça, pelos erros, burocracia do sistema judicial brasileiro, injustiças, etc...
Esse fato não é recente, deve ter uns 4 ou 5 anos, porém me marcou profundamente.
Era uma sexta-feira, inverno, 18 horas e chovia. Só quem conhece o centro do Rio, sabe o que significa todos esses itens juntos. Algo parecido com a filial do inferno, pois centenas de pessoas, e seus guarda-chuvas, desejam ir para casa, e acabam cercados por um mar de veículos engarrafados, com ambulantes oferecendo mais guarda-chuvas aos gritos.
Só em imaginar o que me esperava do lado de fora do prédio do Fórum, meu humor não era dos melhores. Preparada para o que me aconteceria: o metrô cheio e o sonho de chegar a casa tomar banho, encontrar a família, esperar meu jantar, ver TV deitada ou mesmo ler um livro, já me davam certo conforto, em enfrentar a guerra que eu tinha pela frente.
Ao abrir meu guarda-chuva, já na rua, percebi uma mulher ao meu lado - ela também tinha saído do Fórum e trazia uma menina de uns 3 anos no colo, com sua bolsa e a mochila da criança. Tal fato é comum, pois o Tribunal de Justiça carioca mantém uma creche para os filhos dos funcionários. Diante dessa mãe funcionária “atrapalhada”, perguntei se não queria uma ajuda para abrir o guarda-chuva.

Ela aceitou e só na entrega do guarda-chuva aberto, eu vi. Ela era cega, totalmente cega das duas vistas.
Meu impacto foi tamanho que não consegui me mover. Olhei aquela mulher, a criança que nesse momento cantava uma musiquinha infantil, e vi que ela ainda sorria...
Um pouco refeita, perguntei para onde ela iria; me respondeu que para Avenida Rio Branco, uma artéria importante, onde passam várias linhas de ônibus.
Ela morava em Santa Tereza, um bairro próximo do Centro, e iria tomar o ônibus para casa. Disse que era meu caminho, também, e era verdade, pois minha estação do Metrô fica na própria Avenida.
Perguntei se podia segurar seu braço e ficamos num único guarda-chuva, por ser mais prático para nós duas.
Ela tinha um ótimo humor, e era dona de um sorriso lindo. Foi falando em que cartório trabalhava, que era casada, que ainda faria jantar, cuidar da menina, organizar a casa para o fim de semana... Enquanto ela falava, eu, em silêncio, chorava. Fico imaginando as pessoas que cruzaram com a gente, vendo tal cena. Duas mulheres, uma criança feliz, um guarda-chuva, e eu totalmente molhada, e em lágrimas...
Fiquei com medo de ela perceber minha voz embargada, e ficar constrangida, achando que eu estava com pena dela. Porém era exatamente o contrário: eu estava com vergonha de mim, pena dos meus aborrecimentos pequenos que me preocupavam tanto, diante dessa mulher tão superior e mais forte do que eu.
Imaginava a minha falta total de coragem diante de dois olhos apagados, com meu filhote no colo, podendo ter a criança arrancada dos meus braços.
Ela era uma vitoriosa, alegre, feliz, confiante, especial e eu ali, pequena, medrosa diante dos meus olhos que enxergam perfeitamente, mas que às vezes esquecem de ver a alma dos outros, e pensa egoistamente somente em si.
Ficamos esperando o ônibus, que chegou cheio, ajudei a subir e fiquei parada na calçada olhando a partida do ônibus. Ninguém deu lugar para ela, todos, talvez, cegos de solidariedade ou fechados em seu mundinho individual.
Segui meu caminho, pensando nela, em tudo que tinha aprendido com aquele encontro, tentando me fazer uma pessoa melhor, colocando meus “probleminhas” num universo bem menor. Querendo não me amargurar por tão pouco, aborrecer por pequenas coisas, não perder a doçura por quase nada e viver uma vida mais plena de afeto, pelo meu semelhante.

sábado, 11 de junho de 2011

TER OU NÃO TER NAMORADO...

Na falta de inspiração maior, eu fico com a ótima crônica de Arthur da Távola...



TER OU NÃO TER NAMORADO...


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas.

Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.

Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, marido, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem amor, carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.

Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.

Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.

Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela linda e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.

Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.

Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.


Um feliz dia dos NAMORADOS, para quem sabe namorar...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

AS VIAGENS SÃO PARA SEMPRE!

Viajar é uma das coisas que mais amo na vida. Sou viajante de alma livre, pois sigo aberta, não só por conhecer novas paragens, como descobrir comidas diferentes, pessoas desconhecidas, captar culturas, costumes e línguas, estranhas à minha.
De novo me lancei nessa aventura, que é descobrir novas paisagens. Talvez, meus genes lusos, me levem sempre ao “mar bravio”, e lá vou eu, navegante do século XXI, “conquistar” novos mundos...
Tenho uma quedinha pela Europa. Essa velha senhora mora no meu coração desde sempre. Troquei uma viagem ao Japão por mais uma ida a Europa, alguns anos atrás.
A Europa sempre me fascina, e lá vou eu invadir novos países, ou rever os já conhecidos. E nunca me arrependo. Chego até a ter um sentimento de culpa, quando troco esse continente pelos Estados Unidos ou mesmo o Canadá.
No final de março, lancei-me ao mundo. Conheci o Leste Europeu, e fui, de novo, a Viena, Londres e a cidade mais linda do mundo, do ponto de vista arquitetônico e de charme: Paris.
Em termos de belezas naturais, o meu Rio de Janeiro ganha de todo o mundo. Em segundo lugar, fica o restante do Brasil, um país lindo de norte a sul...
Em minhas anotações, me sinto uma verdadeira bruxinha, ao flagrar o cotidiano dessas localidades, buscando sempre mais.
Amo me perder entre vielas, esquinas e praças. Ficar sentada num parque, café, num degrau, num adro de Igreja, vivendo a vida do lugar. Adoro andar, andar, vendo e sentindo tudo...
As idéias explodem dentro de mim, numa vontade de perpetuar o momento. Parar o tempo. Fico pensando como traduzir meus sentimentos para o papel, em falar de algo que é tão abstrato, pois é paixão.
Como dizer que fiquei emocionada no Santuário da Virgem Negra, na Polônia, diante de um enorme missa, rezada por quatro padres e pessoas fora da igreja, de tão cheia que estava; e eu fixada numa senhorinha de uns 80 anos, que, ao me perceber, deu adeusinhos pra mim, me deixando comovida por tamanha doçura...
Como explicar os bandos de jovens italianos em férias de Páscoa, em Praga, cantando pelas ruas, fazendo com que eu sentisse como se os anjos existissem.
Como não perceber, sentada num café em Paris, o passeio de crianças de uns quatro anos, levadas pelos professores, todos de mãos dadas em dupla, com brilho no olhar, ao descobrirem um mundo diferente, além dos muros da École maternalle...
Presenciar uma sexta-feira à noite, na cidade universitária de Cracóvia, toda a efervescência, apesar do frio, dos pubs, restaurantes, bares a luz de velas, repletos de canções, murmurinhos, calor humano que me fizeram sentir parte dessa tribo.
Sentar tranquilamente num parque em Viena e receber de volta a visão privilegiada das carruagens, com belos cavalos, simplesmente passando...
Como fica esse coração carioca, quando é convocada por um local pra passar uma informação e não saber falar a língua do país...rs
Como desconhecer o pedinte francês, sentado no chão, com seu cão dormindo ao colo e um guarda chuva aberto, pra que o sol não incomodasse o amigo canino...
Como não conversar com aquela idosa espanhola, vivendo em Paris há mais de 50 anos e, junto dela, um jovem tunisiano, funcionário de um supermercado, onde fiquei mais de uma hora, conversando em três línguas distintas, com uma vontade enorme de saber, conhecer, comunicar...
Como não pedir ao imigrante, oriundo de Caixas do Sul, trabalhando num restaurante em Berlim, para fotografar comigo, depois de um grande papo...
Como não ficar mexida, diante de uma jovem brasileira, num monumento da Polônia, ao vir correndo ao nosso encontro, perguntando se éramos do Brasil...
Ela estava há dois meses por lá, onde ficará durante todo um ano para estudar. Não agüentei e dei-lhe um abraço. Ela me devolveu, dizendo que eu ainda tinha o cheirinho do Brasil...
Como não perceber que existem tantos japoneses no mundo e que eles fotografam até túnel...rs
Como não sentir carinho por tantos casais de namorados, de todas as idades, cores, condições financeiras, nos parques, gramados, metrôs, que me brindavam com beijos apaixonados e lindos de se ver...
Como não agradecer a mulher que perguntou no metrô de Paris, se eu queria ajuda, depois de descer numa estação errada...
Com certeza, meu olhar aflito e o mapa na mão devem ter chamado atenção, mas ela parou e me deu atenção, foi gentil, carinhosa, até...
Como não se apaixonar por tantos músicos na rua, fazendo com que a minha viagem tivesse trilha sonora, da melhor qualidade...
Como não agradecer à vida, por assistir um concerto em uma igreja de mais de 600 anos, em que foram tocadas e cantadas, várias ave marias...
Como não arriscar a vida e me pendurar na janela do quarto do meu hotel, pra fotografar a Maratona de Paris, que passava na minha porta, apesar de estar de camisola transparente e ter uma platéia em frente da janela, tirando foto da minha loucura...
Como posso esquecer o senhor Tcheco, que falando italiano me desafiou a dizer os nomes dos jogadores da seleção brasileira da década de 70 que, é claro, eu não sabia... rs
Como esquecer os olhares das crianças polonesas, numa solenidade, na Igreja onde o Papa João Paulo II rezava missa, ao me ver fotografando-as...
Como desconhecer o charme e refinamento dos homens/mulheres parisienses, todos com suas encharpes, chapéus e cigarros, apesar da arrogância...
Como não dançar numa Praça em Viena, ao escutar um músico de rua tocar “Ela é carioca”...
Como não parar pra ouvir aquele cantor solitário, dentro da Estação de Metrô Picadilly Circus, em Londres, cantando ‘I need you’ dos meus amados Beatles? Esse presente eu achei que Deus mandou só pra mim...rs
Como esquecer a vista, dessa mesma Londres, estando na roda gigante, diante do Rio Tamisa...
E aquele olhar moreno pousado no Rio Danúbio, num final de tarde em Budapeste, que foi fotografado pela minha retina e vai ficar pra sempre por lá...
Bem, como todo sonho, eu tive que acordar. Voltei trazendo malas repletas dessas recordações - que muito mais do que bens de consumo - vão ficar marcadas na minha emoção. Essas lembranças não pagam impostos, não são pegas na alfândega, não vão sair de moda, nem um dia irão parar num brechó...
Essas recordações já viraram tatuagens e vão estar pra sempre na minha história.
As viagens, como certos amores, são pra sempre...

terça-feira, 12 de abril de 2011

PARA NÃO MAIS ESQUECER...


Conhecer certos fatos, saber do acontecido, é bem diferente de se vivenciar, no local, um determinado feito, seja ele histórico, ou mesmo familiar, pessoal... Como descendente de imigrantes, fui algumas vezes às aldeias de minha família, e lá, mesmo em tempo atual, pude vivenciar os fatos contados pelos meus pais, ou mesmo imaginar como era a vida por aquelas paragens.

Estou em viagem pelo leste Europeu. Pelos motivos óbvios, alguns países dei um tempo de conhecer, pois recém saídos do regime comunista, pouco tinham a oferecer, a não ser uma infra-estrutura precária de turismo, e problemas com a língua, já que poucos falavam inglês, o que dificultaria totalmente a comunicação. Algo que adoro fazer, apesar do meu filhote dizer: “mãe, você se comunica em todas as línguas do planeta”...rs

Brincadeiras à parte, aqui estou eu na Polônia, país que conhecia através de amigos descendentes de poloneses, e um pouco da história.

Cracóvia me surpreendeu pela alegria, juventude de seus habitantes, colorido, efervescência, já que é uma cidade universitária.

Porém eu tinha um encontro marcado, e esse compromisso me deixava ansiosa, numa mistura de aperto no peito, e necessidade de viver isso. Um pouco de sofrimento nessa espera.

Bem, não sou uma pessoa masoquista, nem fico cultivando sofrimentos, não fujo das minhas dores, mas não tenho hábito de dividí-las. Talvez, por achar que o sofrimento seja só meu, ou mesmo pela certeza que vai passar...

Esse encontro tinha data e hora. Então, no dia 2 de abril de 2011, um domingo de primavera, numa manhã de sol preguiçoso, e de temperatura de inverno, uma Nádia calada, emocionada, mas profundamente em paz, ultrapassou os portões de AUSCHIWTZ.

O campo estava repleto, não só por ser fim de semana, como também pelos inúmeros grupos de jovens judeus, do mundo inteiro, que visitam o campo, numa forma de purgar os sofrimentos de seus antepassados.

Esse movimento chama-se “Caminhada da Vida”, pois quando acabou a guerra, e os campos foram liberados pelos aliados, os prisioneiros foram andando sem destino, numa caminhada, que tempos depois recebeu esse nome.

Lá estava eu no meio de desconhecidos, em grande maioria, judeus, mas tão emocionada quantos eles. Por incrível que pareça, aquele cenário me passou muita paz. Porém, como o inferno pode transmitir tranqüilidade? Talvez pela certeza que ele está desativado, e que seja um símbolo de algo que nunca devemos esquecer...

Começamos por salas onde nos eram explicados, que outras categorias de pessoas foram mortas no campo. Os ciganos, que eu já sabia, intelectuais poloneses, padres, homossexuais declarados, e a grande maioria de judeus, de todas as idades.

Em princípio eles vinham para o campo, na esperança que isso seria temporário, mas logo eram divididos, suas bagagens e pertences retirados, e encaminhados as câmaras de gás, ou escolhidos para trabalhar. Claro que crianças, velhos, mulheres grávidas, doentes, deficientes, eram logo mortos. O restante ia morrer lentamente, nos trabalhos forçados, na tortura física e moral, nos experimentos dos médicos nazistas loucos.

Entre as inúmeras salas repletas de bagagens, cabelos, óculos, brinquedos, roupas, tinha também os dormitórios, onde ficavam amontoados, depois de um dia de trabalhos forçados.

Na frente da guia que falava através de fones de ouvidos, fui me distanciando. E em determinado momento me separei do grupo, e sai a vagar pelas alamedas, escutando aquele silêncio, imaginando as sirenes que tocavam, no final do dia, pra contagem dos prisioneiros.

Em alguns momentos sentei nos degraus da entrada de algum alojamento, e me deixei ficar ali, numa entrega total, diante de tanto sofrimento, em nome da “purificação” de uma “raça”.

Acho que tive uma ausência total de pensamentos. Fiquei sentindo apenas no meu rosto o sol, o vento frio, olhando daquelas árvores nuas do recém inverno europeu, sob um céu azul turquesa, parecido com os do outono brasileiro.

Apenas sentir também é muito bom, e diante do inexplicável, só mesmo sentido...

Não existe nenhuma explicação cabível, diante de tanto terror. A capacidade do ser humano fazer mal a outro ser, é sem limites. O poder muitas das vezes, transformam homens em animais famintos, mas esses só matam por fome ou quando ameaçados. O homem mata por prazer...

Não tenho dúvidas que somos todos capazes de matar. No calor de uma discussão, como auto defesa, ou mesmo por imprudência e irresponsabilidade. Porém matar, durante anos, com requintes de crueldade, separando, estuprando, violentando famílias inteiras, exterminando seres que nada fizeram, apenas pela ideologia de um louco carismático, foge a qualquer entendimento, explicação política, ou mesmo razão.

Nada justifica tamanho terror, e apesar de todo conhecimento, coisas semelhantes continuam acontecendo. A guerra na Sérvia é um exemplo clássico disso.

No meu distanciamento, eu que pouco sei rezar, orei...

De dentro da minha alma, um grito calado de perdão pra aqueles que se foram, perdão pelo mal que outros os causaram, pelas marcas deixadas impressa no DNA de seus descendentes, nas lagrímas da menina judia, que eu vi chorando num daqueles corredores.

Eu, na minha solidão escolhida, pedi perdão pelos outros. Pelas dores, pelo terror...

AUSCHITWZ tem que ser mantido como um monumento de respeito à dor de seres humanos, que foram massacrados, exterminados, com requinte de crueldade, e que essa ferida jamais irá passar. Assim como as grandes dores coletivas, guerras, escravatura, tráfico de humanos, extermínio, multilação de mulheres, por algumas culturas, elas devem sempre serem lembradas, para que não mais se repitam.

Posso dizer que sai do Campo de concentração me sentindo diferente, pequena diante dos meus problemas do cotidiano, mas imensa diante da dor do outro...

terça-feira, 22 de março de 2011

MENINAS !!!



Nunca acreditei em destino, sempre achei que temos o livre arbítrio em tudo, salvo acidentes, doenças, estar na hora errada e no lugar errado...rsrs
Bem, mas sempre é tempo de mudar nossos conceitos. Não que eu tenha passado a acreditar que tudo já está escrito, seja nas estrelas, nas linhas das nossas mãos, ou mesmo na primeira cartomante mentirosa da esquina.
Continuo a crer que podemos mudar nossas histórias, porém existe o mistério, aquele que vive nas sombras, que nos surpreende de repente, tanto para o bem, quanto para o mal.
No ponto de vista afetivo, amoroso, da amizade, acho até que existe mais o mistério, do que o livre arbítrio, e a nossa sensação que se está escolhendo, é pura ficção.
Algo de mágico acontece quando escolhemos nossos amores. Os ligados à psicologia, dizem que é o nosso inconsciente, nossa história de vida dos primeiros anos que nos levam a certas opções amorosas.
Quer dizer, nosso passado faz nossas escolhas no presente.
Eu não sei, mas como a maioria das pessoas, eu só sinto. E são os meus sentimentos que me levam ao encontro de alguém.
Assim também funciono em relação à amizade, que é um sentimento de amor, porém sem sexo.
Normalmente uma grande amizade inicia diante de muitas afinidades, da convivência, ou em último caso, o nada nobre fato, do interesse.
Recentemente descobri um novo aditivo para surgir uma grande amizade. Talvez esse sentimento estivesse escrito no nosso caminho, fosse ele um ensinamento, um aprendizado, ou apenas tinha que acontecer...
Nos aproximamos através de terceiros, aliás, antipatia no primeiro olhar...rsrs
Uma vez li um texto ótimo de Rubem Alves, que dizia que o ódio unia mais que o amor. Acredito nisso até a página dois, pois gente saudável não cultiva ódios, pois eles são causa de doenças e desgaste.
Não odiava a pessoa, mas era um certo mal estar saber da presença. Tempos depois, já amigas, descobri que a recíproca era verdadeira. Eu também, era quase odiada por ela.
Trocamos apelidos nada calorosos, e não queríamos ver, nem saber, uma da outra, numa indiferença falsa, que revelava a imensa atração por entender e descobrir, mutuamente, quem éramos nós...
Um dia aconteceu, por caminhos tortuosos, mas ao mesmo tempo abertos, simples, como se a mãos divinas, dissessem: Agora chega, a lição foi passada; nos aproximamos, primeiro timidamente, depois com avidez de quem se descobre por inteiro.
Diante da magia dessa amizade, afeto, sintonia, nasceram duas novas mulheres. Uma menos armada, briguenta, “inimiga” de peso. Outra menos fria, calculista, pragmática.
Essas duas se transformaram nas meninas que foram um dia, numa doação de carinho, afeto e dedicação, quase viciante.
Esse final feliz, ou melhor caminho feliz, só foi possível, pois dentro de nós, existe caráter, inteligência, sensibilidade, verdade, dignidade, honestidade de propósitos, sentimentos puro de afeto e amizade.
Somos muito parecidas, sem ser espelho, mistura de doce com pimenta, gerando um agridoce, que se completa com o nosso gostar por chocolate, chá mate, viagens, fotos pessoais, filhos, família e bichos...
No mais, é uma amizade imensa, muitos risos, críticas construtivas, piadas sobre o nosso viver, colo, brincadeiras espontâneas, cumplicidade, confidências, torcida pelo sucesso da outra, felicidade compartilhada, enfim AMOR !

Esse post, é para CRISTINA VALENTE MOUTA, amiga querida, com quem eu divido, também, a minha alegria de viver.

segunda-feira, 7 de março de 2011

DE MENTIRAS, FANTASIAS E CARNAVAL...

Sempre tive problemas com as mentiras. Sou péssima mentirosa, é uma coisa quase infantil.Sou pega logo na segunda frase...rsrsrs
Não que eu não tente, pois algumas mentiras são até necessárias pra nossa sobrevivência social, mas, por saber dessa minha falta de vocação pra tal ato, evito o máximo o possível.
Até hoje tenho certo fascínio pela mentira. Pela capacidade de que tem certas pessoas em mentir, tão perfeitamente. Conheci alguns profissionais da mentira; pessoas que fazem das mentiras, suas verdades.
Claro que a mentira levada ao extremo, é doença, mau caratismo, canalhice, cretinismo, cinismo... Enfim, vários adjetivos nada nobres.
Acho que o grande mentiroso(a), é sempre uma pessoa de muita criatividade, salvo os sem caráter, esses são pilantras mesmo...rsrsrs
O mentiroso profissional, mesmo sendo inteligente, esperto, é uma pessoa de baixa auto-estima, pois precisa de todo um universo paralelo não existente pra se apoiar, e sobreviver a sua própria ruína emocional.
Montar uma história, com todos os detalhes, fingir sentimentos, criar situações, forjar personagens, envolver terceiros sem que esses saibam, é uma característica desses estelionatários da verdade. Algumas vezes fiquei pasma ao descobrir certas mentiras que de tão “verdadeiras”, já faziam parte até da minha própria verdade.
Fico a imaginar essa mente mentirosa, que nunca se confunde, mas que peca por alguns detalhes, ou encontra uma pessoa como eu; observadora...
O escritor de ficção seria um grande mentiroso, se apenas colocasse em prática todo o seu mundo não real. Porém, ele passa para o papel, suas histórias, criando todo um envolvimento com o leitor, com sonhos, verdades, enredos, que mexem com os nossos sentidos e suscitam, lembranças.
A mentira, apesar de também não existir, de forma real, tem muito haver com a fantasia.
Fantasiamos aquilo que desejamos ser na verdade, ou mesmo que gostaríamos de viver.
As fantasias sexuais, quando compartilhadas com o(a) parceiro(a), e bem recebidas por esses, dão uma liga e une, profundamente, o casal. Passa a fazer parte da intimidade dessa relação, e cria um clima de sedução necessária a toda boa vida sexual.
Podemos realizar nossas fantasias, mas na maioria das vezes, elas são apenas fantasias mesmo, pois nasceram pra serem isso.
Um jogo de sedução, que envolvam situações, objetos, outras pessoas, roupas diferentes, ambientes estranhos; mas que são apenas fantasias, são bem-vindas e podem alimentar um amor durante anos...
Penso também nas fantasias que exercemos no carnaval. As mulheres maravilhosas que só aparecem nos desfiles de Escolas de Samba, das fantasias “ingênuas” dos blocos de rua, no jogo sensual e brincalhão de homens, que liberam suas vontades, ao se vestirem de mulher, na doce fantasia de ser feliz nesses quatro dias.
Carnaval é fantasia total, é achar que ao liberar nossas vontades seremos felizes para sempre. Existe até uma frase que fala que amor de carnaval não dura, aliás, pura fantasia. Ele pode durar em qualquer época, e como diz a sabedoria popular, o que tiver de ser será...rsrs
Vamos viver esse mix que são as mentiras, fantasias e carnaval, sabendo que o importante são as coisas que ficam, internamente, na nossa emoção, sejam elas de mentiras, fantasias ou mesmo carnaval.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

POIS É...

Como pertencer a três culturas diferentes?
Não sei explicar, só sei sentir... Aconteceu comigo. Nasci de família espanhola e portuguesa, na cidade do Rio de Janeiro, vivendo a infância e adolescência diretamente ligada às colônias dessas duas culturas, só escapando desse convívio quando ia à escola, pois, até os Clubes, eram portugueses, e o contato era constante. Na universidade, na qual cheguei bastante jovem, meu contato com o Brasil se solidificou.
Aprendi a ter um olhar diferente, um pouco estrangeira, sempre...
Portugal me deu o homem mais doce, carinhoso, romântico, fiel, que eu conheci; meu avô paterno. Com ele aprendi os versos de Camões, a entender as óperas, a rezar, a ouvir histórias sobre a família. Ele amava tanto a sua pátria que tinha, em seu quarto de dormir, a bandeira de Portugal. Diante da exigência do Ministério do Exército, onde trabalhou e comandou inúmeras obras, algumas com mais de 200 operários, de que ele se naturalizasse, ele declinou do “convite”, e se aposentou... Ele era um homem fiel.
Até hoje vejo Portugal com um olhar comovente. Essa Terra me emociona, sou capaz de parar na rua para observar os imigrantes portugueses, que aqui vivem, todos já idosos, só pra matar a saudades dos meus, que já se foram.
Quando viajo pra lá, quem vai é a portuguesa Nádia. Entendo tudo; a sinceridade diretiva, uma certa desconfiança, as queixas sobre tudo, etc... Sem dúvida Portugal é meu Porto Seguro. Só uma coisa me deixa triste: Acharem que sou brasileira, mas eu compreendo, também, isso... rs
Chegar à minha aldeia é rever um mundo que me pertence. Terra que dança ao som das minhas lembranças ancestrais. Fico a imaginar meus antepassados, provavelmente, servos de algum senhor feudal vivendo naquela região. Como num quadro, eu saio da moldura e faço a minha viagem interior, me imaginando aquela camponesa que ainda está presente no meu DNA.
Quanto mais eu compreendo Portugal, mas entendo o Brasil.
A Espanha vive em mim de maneira diferente. Ela está mais ligada à sensualidade, à música, à língua, aos aromas, à gastronomia.
Sou profundamente espanhola; amo as músicas que aprendi na infância, minhas castanholas, essa “guerrinha” de Espanha contra Portugal, apenas por motivos banais... rs
Amo, também, essa paixão, a intensidade, o querer espanhol. Meu jeito feminino é Espanhol. Modo de maquiar os olhos, o baton, cabelos sempre soltos e longos, ombros de fora, o gostar de lenços. Talvez, o estereótipo da mulher espanhola. Uma coisa que remonta aos celtas, ciganos, árabes e sefaraditas, que bailam nos meus genes, avisando que ali tem uma babel correndo em minhas veias.
A Espanha é o meu mistério. É o saber que aquele pueblo da minha família, acabou, pois todos imigraram. Que minha família em Madri sabe menos sobre a Espanha que eu. Que vivo a pesquisar minhas origens e as histórias familiares.
Nessas origens eu encontro a mulher que sou. Nas mulheres fortes da família, que não tinham meu humor, mas que seguraram todas as barras de uma guerra civil, perda de filhos, imigração, e separações de familiares, vejo o quanto eu posso crescer e ser plena.
Que as enxurradas na vida, não derrubam grandes árvores, pois elas têm raízes fortes, e que um dia elas dão frutos e, um desses frutos, sou eu.
Meu primo espanhol me disse, na última vez que lá estive, que tenho um “olhar espanhol”; perguntei o que significava isso. Ele, simplesmente, respondeu que era aquele olhar que vê tudo, mas só revela o que interessa... Enfim, é o meu mistério...
Bem, depois dessa viagem européia, acontece um país tropical. Caí de paraquedas nessa família imigrante, num 21 de novembro, quase verão, nos braços apaixonados de uma babá negra e, através dessa mulher divina, eu conheci o Brasil.
Ela foi meu colo brasileiro. Minha mãe dizia que era como café e leite. Eu “rubia”, ela profundamente negra, e eu só dormia embalada nos seus braços. Até hoje, no meu aniversário, ela me telefona, e me chama de “minha branquinha”. Sem dúvida, agradeço a essa maravilhosa mulher, pelo amor, carinho, ternura, que me acompanhou até aos meus oito anos, quando ela saiu da casa dos meus pais, fazendo um casamento lindo, onde eu fui sua dama... Enfim, coisas do Brasil.
No Rio de Janeiro, sou a carioca, que anda no calçadão, bronzeada o ano inteiro, que tem cabelos dourados pelo sol e mar, com sotaque, dona do jeitinho brasileiro de ser, mas que trabalha muito, porém, mantém aquele ginga alegre, pois ela é fruto dessa terra.
Através do Brasil conheci a dura realidade das diferenças sociais, sai do meu sonho encantado de menina bem nascida, para as verdades das ruas.
Consegui ter um olhar crítico das nossas mazelas, sem ser paternalista, mas com muita compaixão, por saber que temos um povo sem grandes oportunidades na vida.
Aprendi com meus alunos, em escolas carentes, o outro lado da vida. Recebi deles muito mais do que dei. Aprendi a amar mais e mais esse país lindo, mas cheios de contradições. Compreendi suas diferenças, interpretei seus defeitos, qualidades, algumas vezes com olhar estrangeiro, outras vezes com o olhar do coração.
Somos sempre um mosaico, e é isso que nos faz tão interessantes como pessoas.
Transito bem por essas três culturas, fazendo sempre uma leitura do meu amor por esse mundo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

AROMAS...

Vivemos numa cultura altamente visual. A aparência das coisas é de total importância. Vendemos um produto pela sua aparência. Comemos primeiro, com os olhos, dizem alguns. Ficamos “apaixonados” por pessoas ditas bonitas. Evitamos seres que não se encaixam nos padrões de beleza atual.
Muitas das vezes rotulamos pessoas, locais, situações, apenas pela forma como a “enxergamos”.
Eu nasci meio na contramão dessa cultura visual. Claro que, também, fico fascinada diante de algo que para mim, seja belo. Porém meu melhor sentido é o olfato.
Os aromas comandam meus instintos. Sou primitiva, animal, em se tratando de cheiros.
São eles fontes das minhas lembranças, sejam da infância, adolescência, idade adulta...
Comecei a perceber isso, quando ao relembrar certos fatos, sempre me referia aos cheiros, como ponto de partida dessas recordações.
Uma das minhas lembranças mais primária era o cheiro de rosas do perfume da minha mãe. Seu colo exalava o aroma dessa flor. Engraçado nunca perguntei que perfume ela usava quando eu era criança, só sei que ao chegar perto de rosas, era dela que eu sempre me lembrava. Minha doce flor, que partiu tão cedo...
Um cheiro recorrente em minha vida é também, uma lembrança da menina que fui. Meu pai foi um fumante tenaz, ainda lembro a fumaça do cigarro subindo do cinzeiro, contra a luz do abajur. Esse sentir me lembra homem, talvez segurança, mas não gosto mais. Sou totalmente contra ao cigarro, seu cheiro, e suas conseqüências.
O cheiro de terra molhada lembra os jardins da casa dos meus avós. Tanto quando chovia, quando a minha avó, no final das tardes quentes molhava as plantas, sem nenhuma preocupação com o desperdício da água... rsrsr
E o cheiro de tamarindo? Esse me lembra a primeira escola, onde eu colhia os tamarindos do chão, e me deliciava com aquele amargor, escondida atrás do parquinho, pra não dividir com ninguém.
O perfume do bife da minha avó, não tinha concorrente, eu podia sentir subindo as escadas da varanda da frente. Bolos de chocolate, refogado de feijão, café passado de fresco, doce de coco de panela, banana frita com canela e açúcar, sardinhas assadas na brasa, também são inesquecíveis ao meu olfato.
Os brinquedos novos tinham um cheirinho todo especial de plástico, ou melhor, de brinquedo novo mesmo... rsrs
Cresci, e na minha memória sentimental as fragrâncias do primeiro baton, dos perfumes importados da moda, da lavanda que minha mãe colocava nas gavetas, e que dava um cheirinho gostoso nas roupas. Todas vivas dentro de mim...
Meus namoros também foram pontuados pelos cheiros. Aquele perfume do menino mais charmoso era de limão, nem sei o motivo, mas era... rs
Depois o namorado mais velho, com cheiro de homem que sabia das coisas, mas que virava menino diante da minha adolescência.
Não sei quantas vezes me peguei cheirando as camisas do amado, e como é bom sentir o perfume, natural do corpo do outro, no nosso corpo...
O perfume que exala de uma nuca, fica pra sempre no limbo da memória, e não morre jamais dentro de nós. Como um barco ancorado nos nossos afetos.
Alguns cheiros me excitam, outros me afastam, mas alguns me atraem, e por aí vai.
Não gosto de perfumes doces, eles me enjoam, e me lembram mulheres delicadinhas, boazinhas, perfeitinhas, previsíveis, chatinhas demais... rs
Talvez por isso, só uso perfumes masculinos. Bem, você pode estar se perguntando; você tem cheiro de homem??
Não, claro que não. Cada perfume depende sempre da pele de quem usa. Nunca, apesar de sempre usar perfumes masculinos, tive cheiro de “homem”, aliás, muito pelo contrário. Acho até que os hormônios femininos, misturados com a química masculina, funcionam muito bem.
Adoro cheiro de cabelos, pode ser aquele recém saído do banho, ou mesmo seco, com algum condicionador inspirador.
Durante algum tempo fui fascinada pelo cheiro de chiclete na boca da pessoa amada, ou então, o suave buquê do vinho passado através de um beijo. Bom demais!
O cheiro de travesseiros também me faz muito bem, neles se guardam as lembranças de noites de sono, ou de amor...
O perfume do roupão de banho, da toalha molhada com o aroma do sabonete, o desodorante que não “briga” com o cheiro do corpo. O perfume da maçã, recém devorada, na boca de alguém.
Amo também, o cheiro de carro novo. Os acentos vêm com um aroma especial, que contribuem com lembranças alegres, desde o primeiro carro zero.
Hum... E o cheiro do mar? Ele vem através do vento, e nos pega de sopetão. Faz com que as lembranças corram soltas pelos caminhos dos mistérios, levando o pensamento pra além mar...
Os quintais da minha infância tinham cheiro de fruta madura, eu “menina de apartamento”, ficava maravilhada quando podia freqüentar um.
O cheiro do amor, eles não ficam apenas nos lençóis, travesseiros, ficam no corpo, na alma, na lembrança de quanto se foi feliz... Sentir na pele o cheiro do amor é uma delícia!
Os animais são comandados pelos cheiros. Eu como animal racional também, pois já me apaixonei por odores, ao ponto de sentir falta deles.
Aromas são lembranças que ficam pra sempre em nossos labirintos internos. Deles são as nossas recordações mais íntimas, primitivas, profundas.
Se eu pudesse definir um aroma pra ser lembrada, queria que fosse uma mistura de canela, limão, sândalo, e lavanda. Não sei o que essa combinação daria, mas com certeza, eu iria gostar. Acho que valeria a pena tentar...
Fragrâncias, amor e felicidade, são coisas que, às vezes, se encontram...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

RESPOSTA AO TEMPO

Um novo ciclo se encerra, ano que acaba, vida nova que reinicia...
Será que isso é verdade?
Calendário existe apenas pra enumerar o tempo, quantos anos temos, em que ano compramos tal imóvel, o dia do vencimento da conta de luz.
Contamos nosso tempo, na verdade, pelas nossas emoções, sejam elas positivas ou negativas.
Podemos até citar datas, mas o que conta mesmo é aquilo que vivemos. O recheio, não os dados. Não somos um gráfico de estatística, somos humanos. Vivemos de emoção.
É normal as pessoas, se referirem na “minha época”, como se o agora não existisse e, o presente, não tivesse nenhuma importância.
Normalmente nos referimos à “nossa época”, por causa da emoção vivida durante esses anos dos quais chamamos de nossa...
O tempo é sempre o hoje, o passado foi vivido, mas não é nossa época, é passado, apenas. Pode ter sido de grande importância, mas foi, aconteceu. Talvez, tenha ficado pra sempre feito cicatrizes, mas passou... Será?
Mudamos de roupa, de vida, de amores, de trabalho, país, não importa, não é o tempo que determina, são as emoções que vivemos nesse período, que vão marcar nosso calendário interior.
O amor durou só alguns meses, foi maravilhoso, mas acabou. O casamento foi sofrível, e sobreviveu à vida inteira. O que foi mais significativo? Que tempo marcou mais? Tempo?
O que chamamos de tempo, o ciclo da vida, nosso próprio envelhecimento, fazem parte dessa passagem. O tempo é diferente na natureza, pois essa, dependendo do espaço geográfico, tem suas estações bem marcadas, num ciclo de renovação, que engloba o mundo animal e vegetal.
Cabe a nós, simples mortais, fazer desse espaço, entre nosso nascimento e a morte, algo digno de ser contado como tempo de emoções.
Conheci uma pessoa que todas as vezes que ela queria contar uma história feliz, falava sobre uma viagem onde ela foi muito amada...
Não que ela não tivesse vivido outras coisas boas, mas, com certeza, essa experiência foi uma das melhores da vida dela.
Nossas emoções nos marcam como tatuagens na alma, e por elas vale a pena ter vivido.
Enfim, vamos passar. Um dia acabaremos, e ficará aquela lembrança, talvez, numa foto, de um certo olhar, de cabelos ao vento, de uma gargalhada feliz.
Nossas emoções vão conosco, as histórias também e, quem sabe, um dia vamos nos encontrar por aí...