sábado, 4 de setembro de 2010

PRONTA PARA VOAR!!

Viajar sozinha pode ser maravilhoso ou se tornar uma tortura, dependendo de nossos objetivos ou estado de espírito...
Quando decidi ir sozinha nessa empreitada, sabia o que desejava, mas, como tudo na vida, tinha minhas dúvidas de como eu reagiria diante da “solidão” escolhida.
Sempre viajei acompanhada, dividi minhas alegrias, tristezas, vontades, com as pessoas que me acompanhavam, mesmo em Congressos, ou a trabalho, dificilmente estava só.
No Aeroporto, despedi da família, e com um coração “adolescente”, entrei no avião, que me levaria a um outro Continente, e ao encontro de mim mesma...
Cheguei na madrugada de Lisboa, para esperar minha conexão para Madri. Nessa cidade vive uma parte da minha família espanhola que, tempos atrás, deixou a Galicia, para lá viver.
Fiquei num hotel na Gran Via, centro nervoso e badalado da capital espanhola. Teria minha família por perto, em alguns momentos, pois iria visitá-los, alguns passeios seriam feitos com os primos, mas nada muito junto...
Revi os parentes idosos, alguns almoços, jantares, conversas sobre a família daqui e de lá, e eu sozinha na estrada...
O prazer de fazer meus horários, decidir aonde ir, parar, comer, com quem conversar, pedir informações, fazer novas amizades, não tem preço....
Claro que viajar com companhia é muito bom, dividimos tudo, inclusive a chatura de certos momentos... rsrsrs
O contato íntimo com nós mesmos é de uma importância vital. Desconfio até que certas pessoas, que não gostam de ficar a sós, não se gostam muito...
Ficar num outro país, sabendo que ninguém por ali é nosso parente, ou mesmo amigo, nos dá uma sensação de desamparo, mas também de total liberdade...
Em Madri, fiz amizades instantâneas, dessas que a gente faz em viagem, mas que marcam pra sempre, e que viram historinhas que vamos contar aos nossos netos, quando eles existirem.
Meu terceiro dia de Espanha foi vivido numa excursão de um só dia em ÁVILA e SEGOVIA; poucas pessoas sozinhas, famílias, casais, idosos com netos, e eu.
Logo me juntei com a guia, pois essas duas cidades eu ainda não conhecia. De repente, vi meus dois novos amigos. Os dois tímidos, americanos, gays, pela primeira vez na Espanha. Ai o passeio começou, o que era triste ficou alegre, e o cinza do dia virou colorido. Enquanto a guia repetia as explicações em 5 idiomas, nós 3 explorávamos, o terreno em torno, fazíamos comentários, tirávamos fotos e, o mais gostoso, ríamos muito...
Almoçamos juntos e ainda levamos um chinês perdido, e de um inglês sofrível, a tiracolo para nossa mesa. Explicar uma comida espanhola para um chinês, não é fácil, mas ele também se divertiu muito... rsrsrs
No final do dia estávamos já andando de braços dados, eu no meio e meus alegres companheiros de cada lado. Cada descoberta era motivo de novas fotos, sugestões de ângulos, e mais brincadeiras.
Perdemos-nos e nos encontramos num Castelo, compramos presentes, experimentamos vários doces, e não levamos nenhum. Dançamos numa praça ao som alto de uma loja de CDs, vimos coisas que a guia não mostrou, conversamos com gente da terra, enfim, vivemos a alegria de estarmos vivos.
Na volta, uma viagem de quase duas horas, tirei as botas, e dormi no meu acento...
Meus companheiros de viagem desceram antes de mim e, quando acordei, encontrei um bilhete.
“Nádia querida”,
Nosso passeio foi melhor pela sua presença. Nunca vamos esquecer da sua alegria!
Vc é para sempre!
Bjs JONH E BENNY
*nossos emails
Chovia na Gran Via, quando desci daquele ônibus de turismo, com o bilhete deles na mão. Dei um beijo na guia, e encarei a noite fria...
Segui caminhando, na chuva, sem proteção, com a alma lavada, e a certeza, de ter vivido um momento especial e único.