sábado, 14 de agosto de 2010

MEU AMOR CANINO



Ela chegou sem ser bem vinda, contava com a minha resistência, pois sabia que todo o trabalho iria “sobrar” para mim.
Como não consegui, ao vigésimo pedido do filhão, dizer, mais uma vez, não, ela surgiu na minha vida, de forma irresistível...
Era uma “bolinha” de pelos, uma Golden Retriever, linda dourada, mas que tentei nem olhar direito, pois não queria me apegar, para depois sofrer, no momento da partida... Quase sempre antes da nossa própria.
Fui uma criança cercada por animais domésticos. Tive duas cadelas durante quase 15 anos, uma gata por 8 anos, um papagaio que me acompanhou durante os meus primeiros 18 anos, de vida, vários pintinhos que depois eram levados para casa dos meus avós, pois era impossível tê-los dentro de um apartamento, por maior que ele fosse...
Enfim, era uma verdadeira Drª. Dolittle carioca... rsrsrs
Na época, não imaginava o quanto de trabalho eles geravam para os meus pais, amava meus bichinhos e eles acabavam aceitando por amor a mim...
Lembro a minha gata Mimi, que me foi dada pela professora, e quando cheguei a casa com o filhote, minha mãe me proibiu de ficar com ela, pois já existiam as duas cadelas, um papagaio e vários periquitos...
Voluntariosa, sai e fui sentar na portaria do prédio, com a gatinha no colo, ainda de uniforme escolar, esperando meu pai chegar, pois queria que ele tomasse a decisão final. Eu tinha 8 anos, mas já era osso duro de roer...
Meu pai confirmou a decisão da mãe, e a gatinha iria pra casa da minha avó paterna, no dia seguinte. Porém, os dias foram passando e ela conquistou a todos, com seu jeito de brincar, de correr atrás de tudo que rolava... Enfim, mais uma paixão de quatro patas...
Foram 8 anos, de convívio íntimo, já que ela dormia na minha cama. Aprendi com ela, que amor não precisa ser submisso, pois ela me adorava, mas sabia me esnobar... rsrsrs
Nossa Golden chegou sorridente, sim sorridente, porque acredito que cachorros podem sorrir.
Não dei muita bola na chegada, queria que o filho assumisse as responsabilidades quanto ao trabalho que dá um animal em casa. Eu pagaria a ração, veterinário, enfim, arcaria com a parte financeira. O trabalho “braçal” seria dele.
Lerdo engano meu. Logo nos primeiros dias, fui “adotada” por ela, que me buscava para brincar, correndo quando eu acordava, e me acompanhando até ao banheiro. Esse amor despertou ciúme, no dono dela, que, aos poucos, foi abandonando suas funções, as quais acabei assumindo por conta desse louco amor canino que tomou conta dos meus dias... rsrsrs
Passei a sentir todos os sintomas da paixão. Não podia ficar muito longe dela, queria saber noticias, telefonava para casa, e se conseguia ouvir um latidinho pelo fone, o dia estava salvo...
Passear com MEG, é esse o nome dela, é um prazer, só comparado a cinema de mãos dadas com o namorado, e mesmo assim, estando apaixonada... rsrs
Hoje, minha paixão já não é um “bebê”. Temos um relacionamento de cumplicidade, ternura, amor, fidelidade, paixão, que poucos seres humanos possuem.
Ela me compreende pelo olhar. Quando estou triste, vem sentar ao meu lado, sem nada pedir, simplesmente fica lá, num silêncio amoroso e respeitoso.
Existem momentos que converso com ela, falo das minhas dúvidas, dos meus medos, das minhas alegrias, aí ela sobe no meu colo, numa forma canina de me abraçar e me consolar, como se dissesse... EU TE AMO, MOÇA!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A FESTA ACABOU...!

De repente a festa acabou ele partiu, por decisão própria...
Ela sentiu um certo alívio, até uma pontinha de felicidade, pela liberdade recém conquistada. Iria voltar com os amigos, sair para dançar, chegar em casa mais tarde, sem dar satisfações.
Sempre tinha sido muito independente e aquele amor, de certa maneira, sufocava.
Sorriu para o espelho, ao lembrar que a vida de solteira iria recomeçar. Novas emoções, paqueras, convites, telefonemas, e-mails carinhosos, enfim a vida...
Mesmo sem querer fez um “inventário” desse “amor”, que morreu sem brigas, nem cobranças, nem lágrimas...
Pensou nesse sentimento, que meses antes os tinha unido. A alegria da espera do chegar do outro, das palavras doces, de como era bom ouvir, um “eu te amo”, no meio de uma briga feroz. Quando viviam o desejo, que bastava um simples “alô”, para que o outro sentisse tesão. No fundo uma ilusão... era???
Era uma mulher bem defendida, nunca foi de grandes apegos, mas claro que iria sentir falta, afinal já se tornara um hábito. Talvez, um pouco mais do que isso...
Não o queria como amigo, pois assim o desejo nunca morreria. Precisava tirá-lo da sua história, e sair da dele, também. Afinal não mais se gostavam.
Parou e pensou que, se há tempos atrás, alguém mostrasse através de um vídeo, do you tube o que eles viveriam, mesmo assim, com todas as perdas e danos, gostaria de ter vivido esse sentimento.
Lembrou dos erros cometidos, por ambos. Da falta de atitudes dele, das mentiras, omissões. Perguntou-se por que não conseguia abrir mão do seu “mundinho” egoísta.
Ambos eram vaidosos, sedutores, belos, cada um a seu jeito, ciumentos, possessivos, intensos. Nada morno. Uma ternura misturada com adrenalina. Se é possível tal química... rsrsrs
Sentimentos plenos e difíceis de administrar, quando colocados lado a lado.
Sabia que amores morrem, sem avisar, porém esse deu sinais. Sinais de cansaço, de falta de motivação, quando o outro sai de sintonia.
Não mais pensaria no abraço gostoso, no beijo molhado, no sexo feito com sofreguidão. Iria esquecer, pensando nos defeitos, ótima tática, que sempre funcionou com ela.
Ele, na certa, mais objetivo, já tinha novo objeto do desejo, e já começará a investir numa nova emoção. Sabia como eram os homens. A nova “emoção”, até já existia, é era tão morena, quanto ela...
Um dia, talvez se dessem conta, do tempo perdido, pela falta de coragem de viver esse gostar de forma definitiva. Que ficar em “cima do muro”, se sofre do mesmo jeito.
Com um olhar cínico imaginou: Não tinha que ser.
Deixou de lado o pensamento romântico que todas às vezes, que um sentimento belo, morre pela nossa incompetência, ficamos mais pobres e vazios. Queria acreditar que coisas melhores virão, e que a festa nunca vai acabar. Apenas mais um amor que não vingou. Ele vai se juntar aos álbuns de fotografias, de outros amores mortos, da história de ambos.
Um dia, quem sabe, se darão conta, que o tempo passou que eles nem mais se lembram um do outro, que a vida continuou sem os telefonemas dele, sem os e-mails de ambos, sem as fantasias vividas...
Um presente da vida, jogado no LIXO!!!