sexta-feira, 5 de novembro de 2010

UM GATO CHAMADO ZIDANE



Tive gato na infância, mas precisamente uma gatinha. Ela viveu 8 anos e morreu de forma triste...
Depois disso, apesar de amar os gatos, não quis mais nenhum. De um tempo para cá, comecei a sonhar com gatos, e da sua amorosa companhia a distância, pois são todos muito independentes.
Sempre me senti meio felina, pois adoro estar junto com as pessoas, porém amo ficar só também...
Pensei em adotar, um vira lata. Imaginava toda uma vida nova, com meu gato.
Resolvi escolher um nome, seria ZIDANE, mas chamaria, na intimidade de ZIZU, igual ao jogador francês e charmoso.
O tempo passou e a vontade também. Certas coisas se não acontecem na hora, passa o desejo. ZIDANE ficou numa história não concluída, num sonho não mais sonhado.
Deu preguiça, passou...!
Pra minha surpresa, ZIDANE já existia e fui encontrá-lo bem distante do meu mundo.
Viajei no mês passado, e numa ilha da Grécia, mas precisamente em Santorini, ele estava lá, esperando a vida inteira por mim.
Foi um encontro rápido, mas fulminante. Encontramos-nos num restaurante, ele me viu primeiro, deduzo, pois só o senti quando ele andava pelas minhas pernas, por debaixo da mesa. Levantei a toalha e dei de cara com ele, seu olhar era penetrante, olhar de ZIZU, ele miou. Estaria com fome? Mesmo sendo ali um restaurante??? Tenho que esclarecer uma coisa. É normal, tanto na Grécia, quanto na Turquia gatos e cachorros nas ruas, mas ao contrário do que no Brasil, lá o poder público castra, vacina, mas não os recolhe e a população continua jogando seus animais fora.
Bem, foi paixão à primeira vista, claro que dei comida do meu prato pra ele. Aliás, detesto ração, pois a acho cancerígena. Isso durou todo o tempo do longo almoço. Ele não se afastava de mim. Chegando ao fim, hora da despedida, alisei sua cabeça, bati uma foto, para não esquecer e segui pelas vielas da ilha.
Entrei em vários becos , subi e desci escadas e de repente,olhei para baixo e ele estava lá, me seguindo.Nunca vi gato bicho seguir ninguém...rsrsrs
Não resisti e peguei no colo, ele fechou os olhos, como se tivesse encontrado um porto seguro. O restante do passeio foi com ele no meu colo, e eu me perguntando, e agora que faço com esse amor???
Não queria ver mais nenhuma paisagem, queria saber que fazer com ZIDANE, como poderia embarcar com um gato, sem nenhum dado, sem certificado de vacinas, e ainda tendo cidades para conhecer?
Era uma tortura, aquele amor peludo, lindo, amoroso, estava me fazendo mal.
Eu me perguntava, mas gato é tão independente, que carência é essa ?
Sentei no chão e o soltei, ele ficou a me olhar, com jeito de quem nada estava entendendo, um olhar interrogativo, olhar de quem desconfia que vá ser abandonado...
Conclui que ZIDANE chegou na hora errada na minha vida, não era o momento, não era a minha vontade, não iríamos viver uma história de amor, nem cumplicidade, doação, nem eu poderia cuidar dele, naquele instante...
Deixei ZIZU ir, mas ele não queria, e ficou parado, só me olhando, como se dissesse:
- Você me conquistou e agora me abandona!
Resolvi deixá-lo na porta do restaurante onde ele me encontrou, falei com o atendente, e ele me confirmou que ZIZU, era um gato de rua, mas que eu podia deixar por lá mesmo. Coloquei-o no chão, evitei olhar muito e sumi nos becos, com um medo atroz de ser seguida e não resistir aquele olhar carente de amor.
Agora tenho certeza, ZIDANE existe, mora na Grécia, e será eternamente meu.

7 comentários:

Eu disse...

Nessa vida somos eternos cativantes e cativados.
Linda a sua história com o Zidane.
Tenha uma semana maravilhosa!
Beijos com meu carinho

O Profeta disse...

Sonhei com Querunbins zombeteiros
Com um Arcanjo em eterna luta com o mal
Sonhei que a chuva era o pranto dos deuses
Sonhei que o amor tem um caminho fatal

Descobri que as nuvens são carruagem de água
Que os anjos afinam as harpas de madrugada
Que as gaivotas em terra são pronuncio de borrasca
Que a razão de um justo não vale quase nada



Doce beijo

Francisco disse...

Zidane... Zizu...!

Alguns nomes são inesquecíveis em qualquer lugar do mundo. Até na Grécia...!

Abraço!

Unknown disse...

Ora, ora, Nádia... talvez certas coisas valham tanto para seres de duas quanto de quatro patas. Acho que o que guardamos dentro de nós torna nossa história mais fascinante do que o que guardamos dentro de casa. A efemeridade de certos momento (e imaginar o que poderia ter sido e não foi) é justamente o que lhes dá beleza. Por mais clichê que seja, não posso evitar de lembrar da rosa e do Pequeno Príncipe - e parafraseando o Saint Exupery, por causa do Zidane todos os gatos saberão rir...
Se isso não bastar, podes também lembrar do Bogart em Casablanca ("Sempre teremos Paris")... e dizer que você e o Zidane sempre terão Santorini!
Belo post, Nádia! Escreve mais.
Abraços, Arlei - http://polifonias.wordpress.com

CAIS DO ORIENTE disse...

Arlei,
Lindo o seu comentário!
é isso aí...Eu e Zidane sempre teremos Santorini...
Obrigada!
Abraços,
Nádia

CAIS DO ORIENTE disse...

Amigos!
Agradeço o carinho dos comentários...
Bjs grandes!

Unknown disse...

Nádia,
"roubei" um pouco de inspiração deste teu post para fazer o meu (http://polifonias.wordpress.com/2010/11/26/encontre-me-em-montauk-o-brilho-eterno-das-pequenas-coisas/), mas não esqueci de referenciar o Zidane...
Abraços gaúchos.