
Não sou consumista, aliás, sou péssima compradora. Limito-me a ver o artesanato local, algumas lojas bacanas e a comprar perfumes no Duty free.
Quero ver gente, paisagens, conversar, sentir o charme local, comer coisas diferentes, mesmo quebrando a cara...rs
Adoro me perder em vielas, becos, pois sempre descubro algo novo, inusitado.
Muitas vezes, sento em um banco de jardim, outras num bistrôzinho escondido; já fiquei um bom tempo na escadaria da Praça de Espanha, em Roma, sentido as pessoas, observando seus hábitos, modo de falar, suas vidas...
Num inverno infernal da fria Nova York, comecei a perceber que todos os passantes que estavam juntos, nunca demonstravam nenhum ato de carinho. Aí virou obsessão, queria flagrar um beijo, um simples beijo.
Fiquei uma semana na cidade, fui a vários lugares, andei pelas ruas, no Central Parque, grandes lojas, na Estatua da Liberdade, restaurantes, enfim todo roteiro turístico, e não turístico, já que era a primeira vez que meu filho ia à cidade, e eu queria mostrá-lo tudo.
Não consegui “pegar” nenhum beijo, e o pior, nem mãos dadas. Percebi que mesmos os casais, com filhos, pouco se tocavam, e nem as crianças eram beijadas em público.
Sentia que algumas pessoas se namoravam, pelo modo como conversavam, mas mesmo essas não se tocavam, nem se abraçavam. Não consegui uma fagulha de desejo, de sensualidade explícita, de algum toque mais ousado. Logo eu, que falo com as mãos, e vivo tocando meus afetos.
Depois, embarquei para a Disney, continuando meu roteiro infanto/ juvenil, e lá continuei caçadora de beijos, pois era assim que eu me sentia.
Nova desilusão, pois nada de conseguir flagrar um ato de carinho rasgado, um olhar mais fundo, uma mão provocante de uma pessoa apaixonada e cheia de desejos... nada.
Claro que, em todos os Estados Unidos, alguns se beijaram, outros se abraçaram, mas diante dos meus olhos, isso não aconteceu.
Cada cultura tem sua forma de demonstrar amor, afeto, carinho, desejo. Compreendo isso e respeito, porém, para uma lusa/galega/carioca, não abraçar, beijar, demonstrar carinho explícito, é quase uma heresia.
Acho impossível, estar amando, seja namorado, marido, filhos, pais, amigos, sem dar um abraço apertado, uma mexida nos cabelos, um carinho no rosto, um beijo gostoso, na pessoa amada, mas cultura é cultura. Cada um na sua, mas no fundo quem não gosta de carinho inesperado, um sorriso cativante, abraço sem esperar, e até aquela declaração louca, para passantes desconhecidos que se ama aquela pessoa, que está ao nosso lado... rsrsr
Enfim, salve a cultura latina, que consegue demonstrar seus afetos sem maiores pudores.
Bom é beijar sem culpa, andar de mãos dadas, seja em que tempo for, abraçar apertado, e sentir que viver nossos sentimentos com liberdade, ainda é a melhor opção.